25.10.08

O poeta e as bundas

Será que foi o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade quem inspirou o Ziraldo quando ele criou o personagem Mineirinho, o come quieto?

Drummond tinha a aparência de um barnabé, o típico funcionário público com a carreira garantida diante da sempre incerta atividade de escritor.

Mineiramente, revelou-se um amante conservador possuiu uma esposa e uma amante por 36 anos.

A elas dedicou uma série de poemas eróticos que por pudor só puderam ser publicados após sua morte.

Drummond não conheceu as meninas do funk mas as poesias que dedicou às bundas são uma bela homenagem a elas que vivem sorrindo prá gente.

A bunda que engraçada

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

Mulher Melancia

A bunda são duas luas gémeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Mulher Filé

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
Juliana Paes

A bunda é a bunda,
rebunda.
Carlos Drummond de Andrade

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